Ilha castanhalense é engolida pelo oceano Atlântico

A bela ilha Coroa Comprida, localizada a cerca de duas horas de barco do porto de Augusto Corrêa, na foz do rio Umarajó, sob influência direta do oceano Atlântico, está sendo devorada pelo mar. A causa é o processo de erosão hídrica que já acontece há pelo menos 30 anos, mas que hoje chegou a um ponto em que a única solução à vista será mesmo retirar de lá as poucas familias de pescadores que nela ainda insistem em permanecer.

Dos quase 800 metros de largura da praia restam menos de 50, e onde antes existiam cinco filas de barracos, feitos de madeira do mangue, resta apenas uma fileira com 21 deles. Os prédios onde funcionam a escola e o posto medico já mudaram três vezes de lugar. Apenas cinco poços ainda fornecem água potável. Os outros sumiram debaixo da maré salgada. As águas abriram um córrego no meio da praia, acentuando ainda mais o desmoronamento da areia.

No ultimo dia 7, o prefeito do município, Amós Bezerra, decretou situação de emergência em Coroa Comprida por um prazo de 180 dias. Justamente no periodo invernoso, quando as águas são mais fortes e é mais intensa a devastação da praia onde foram erguidos os barracos dos pescadores. Amós informou que 21 familias já estão desabrigadas depois que seus barracos foram destruidos pelas águas, e vivem hoje na area urbana do municipio, em casas de parentes e amigos, todas aguardando um destino melhor.

Hoje moram na ilha 24 familias, mas elas já passaram de 130. Das que ainda resistem à força das marés, duas moram em barracos de parentes, e uma no posto medico da ilha. Casado com dona Marlene e pai de oito filhos, Marcirio Ferreira Cardoso, 47, foi o ultimo que teve seu barraco destruído pelo banzeiro ocorrido na noite do ultimo dia do ano passado. Seu barraco e pertences foram tirados às pressas, como ocorreu em todos os casos quando as aguas chegavam com força. O pescador e sua familia tiveram que se refugiar no posto medico.