O primeiro dia de prova do Exame Nacional do Ensino Médio para Pessoas Privadas de Liberdade (Enem PPL), nesta terça-feira (4), foi tranquilo nas 27 casas penais do Pará. Este ano, 475 detentos da Superintendência do Sistema Penitenciário (Susipe) se inscreveram com o objetivo de concluir o ensino médio e alcançar o ensino superior – uma conquista para o setor de educação prisional, já que o número de inscritos quase dobrou em relação a 2011, quando as inscrições chegaram a 243.
No Presídio Estadual Metropolitano II (PEM) 18 detentos fizeram a prova de ciências humanas e ciências da natureza, com duração de quatro horas e 30 minutos. Nesta quarta-feira (5), serão aplicadas as provas de linguagens, matemática e de redação, em um total de cinco horas e 30 minutos. Os detentos serão acompanhados pelos agentes prisionais, fiscais da prova e pedagogos de cada unidade prisional.
Segundo o diretor da unidade, Carlos Alberto, a prova foi tranquila. “A preparação aconteceu desde o início do ano, com ajuda dos professores, e do desempenho deles mesmos esperamos bons resultados. Este ano incentivei muitos detentos, já que a cadeia não tem só seu lado ruim. Cada um recebe a oportunidade de educação e trabalho, que são fundamentais e contribuem para a reintegração social”, disse.
A gerente de Educação da Susipe, Marizangela Fukner, e a técnica do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), Rita Soares, avaliaram a aplicação da prova. Nesse primeiro dia, não houve alterações. “Diante das possibilidades, o exame teve uma adesão expressiva. Conseguimos oportunizar esse acesso à educação com um bom número de participantes. Agora é só esperar as notas”, frisou Marizanela.
Para o detento Joaquim Lima, 35 anos, a prova é uma segunda oportunidade para conseguir realizar o sonho de seu falecido pai. “Antes de entrar na unidade, era professor concursado no Marajó. Eu me formei como educador e cheguei a atuar nessa área durante muito tempo, mas eu sentia a necessidade de cursar engenharia. Meu pai sempre quis isso para mim, e dessa vez me empenhei estudando muito”, asseverou.
Outro detento que fez a prova foi Jonatan Holanda, 23 anos, que teve apoio dos professores da própria unidade. “O nível deste exame foi mais difícil. Mesmo se não passar, já fico satisfeito pela oportunidade”, afirmou. Este ano, o Enem pode ser feito em quase todas as unidades da Susipe, com exceção de Altamira, no sudoeste do Pará. O objetivo é oferecer aos internos a oportunidade de certificação no ensino médio e o acesso à educação superior por meio do Sistema de Seleção Unificada (Sisu) e do Programa Universidade para Todos (Prouni).
Por Edil Aranha
Fonte: Agência Pará
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