Há um ano e quatro meses, um médico do
Hospital Ophir Loyola em Belém detectou um tumor no nervo ciático – na
nuca próximo à cabeça, em Raimunda Cláudia dos Santos que reside no
município de Capanema. “Ele dizia que era caso cirúrgico, mas que não
era tão grave. Porém eu teria que esperar três meses para fazer ainda a
biopsia para saber o que era e depois fazer a internação”, relata a
paciente. Após o período de espera, a ex-serviços gerais começou a
sentir dificuldades para se locomover. A perna e o braço esquerdo não se
movimentavam mais. Estavam paralisados.
O médico que cuidava do caso de Raimunda
mandou um bilhete para a assistente social do hospital pedindo a
internação com urgência. “Depois de dois ou três meses eu ligava e ela
não me atendia. Até que um dia, me atendeu. A assistente social disse
que já estava tudo ok, mas ia me ligar novamente me confirmando”, conta
dos Santos, lembrando que depois desse dia, não recebeu retorno por
parte do hospital. “Se não tinha leito, porque ela me chamou?”,
questiona.
Raimunda ainda chegou a fazer uma consulta
de emergência com o médico e ele sempre repetia que era preciso fazer
logo a internação. Ela ainda voltou outras vezes no local junto com a
irmã em busca de um leito, mas nunca teve uma resposta.
Finalmente a assistente social encaminhou a
paciente para o diretor da neurocirurgia. “Ele teve coragem de dizer que
não ia me operar, porque não era o médico responsável e desconhecia o
meu caso”, reclama com indignação. Raimunda destaca que já entrou com
uma denúncia no Ministério Público, que por sua vez, entrou em contato
com a Secretaria Municipal de Saúde (Sesma). “Disseram que estavam
aguardando a liberação de leito e que não poderiam me colocar na frente
de outras pessoas. O poder público gasta milhões em um estádio de
futebol, mas a saúde fica de lado”, desabafa Raimunda.
Depois de todo esse tempo de espera, terá
que fazer novos exames, pois os antigos já venceram, e o prazo deles são
de 30 dias para poder internar um paciente. “Em janeiro me deram um
laudo para eu tirar o meu benefício e consegui um papel externo para
poder levar a um laboratório e conseguir uma consulta que provavelmente
vai ser só em outubro”. Ela não sabe dizer ao certo em que estágio já se
encontra a doença, no entanto, parece já estar agravado. “Já afetou a
minha coluna, além do meu braço e perna esquerda”, afirma.
O Hospital Ophir Loyola informou, em nota,
que devido à numerosa demanda em diversas áreas, o atendimento no HOL é
voltado prioritariamente aos pacientes que se encaixam no perfil da
referência, a oncologia. Esse perfil é seguido rigorosamente, de acordo
com a gravidade dos pacientes que são atendidos conforme as necessidades
imediatas.
nformou, ainda que Raimunda não é paciente oncológico e aguarda por
cirurgia eletiva que será realizada mediante a Autorização de Internação
Hospitalar (AIH), emitida pela Secretaria Municipal de Saúde.
Por Edil Aranha e Francisco Portela
Fonte: (Diário do Pará)
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