Nas estradas, a exploração sexual fica apenas atrás do Mato Grosso.
Estudo mostra 87 pontos críticos no estado.
O Pará é o segundo estado brasileiro com maior número de pontos de
prostituição infantil nas estradas, de acordo com pesquisa do
Departamento Nacional de Polícia Rodoviária Federal em parceria com a
Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República.
Na BR-230, também conhecida como Transamazônica - que corta os municípios de Marabá, Altamira e Itaituba
- alguns bares são considerados pela polícia locais comuns de
prostituição infantil. Ônibus, camihões e veículos pequenos são alvos
frequentes de vistorias.
Também são feitos flagrantes: em 2010, três caminhoneiros foram presos
por terem sido encontrados na companhia de uma adolescente de 15 anos.
Assim como a Transamazônica, a BR-153 e a BR-163 foram mapeadas em um
levantamento nacional feito pela Polícia Rodoviária Federal, que
verificou nessas rodovidas cenários propícios para a exploração sexual
de crianças e adolescentes.
A pesquisa aponta o Pará como o primeiro da Região Norte e o segundo no
Brasil na calssificação total de pontos críticos para esse tipo de
crime nas rodovias federais. Foram identificados no estado 87 pontos,
atrás apenas do Mato Grosso, que teve 89 pontos mapeados.
O mapeamento é resultado das fiscalizações e rondas dos agentes
rodoviários em praças, postos de gasolina, restaurantes e bares. Para
identificar um ambiente favorável à exploração sexual infantil nas
estradas federais, foram levadas em consideração características como o
consumo de bebidas alcoólicas, a presença de adultos se prostituindo, a
falta de vigilância privada, aglomeração de veículos em trânsito e até a
iluminação do local.
"A extensão territorial é um grande fator. Nós temos várias rodovias
que são praticamente intransitáveis, então ficam pessoas ilhadas em
certos locais e isso dificulta a chegada do estado para dar suporte
social. Percebemos também que hoje a maioria dos pontos críticos para
esse tipo de exploração com crianças e adolescentes são lugares
miseráveis em todos os sentidos, educação, alimentação. As pessoas às
vezes vão lá sem a consciência do que estão fazendo e trocam às vezes
sexo por comida", diz Marisol Mota, inspetora da PRF.
Para a Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) a situação de pobreza
contribui para a exploração sexual de crianças e adolescentes nas
rodovias do estado. "Essa rede de exploração e até de tráfico busca
pessoas de extrema vulnerabilidade", diz Ricardo Washington, presidente
da Comissão da Criança e do Adolescente da OAB.
Francisco Portela e Edil Aranha
Fonte: G1/PA
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