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(Foto: Divulgação) |
A morte do indígena Wilson Ambrósio da
Silva, 43 , da etnia Atikum, na Aldeia Ororubá, município de Itupiranga,
na última terça-feira (9), deixou a região sob tensão entre índios e
colonos que dividem a mesma área.
Para o Conselho Indigenista Missionário
(Cimi), em Marabá, a responsável pelo problema é a Superintendência
Regional do Incra no Sul e Sudeste do Pará, que permitiu o assentamento
de famílias de não índios na área, o que desencadeou conflitos que vêm
ocorrendo há mais de um ano e que agora resultaram numa morte. Wilson
Ambrósio foi executado com dois tiros, um na cabeça e outro no tórax.
Na tarde de ontem (11), representantes
Incra, Ministério Público Federal (MPF), Funai e Polícia Federal (PF)
seguiram até a aldeia para tomar pé da situação, informaram, por
telefone, representantes do Cimi.
A Reserva dos Atikum fica localizada a 240
km de Itupiranga, na chamada Estrada do Rio Preto, a 10 km da localidade
conhecida como Cruzeiro do Sul. O contato telefônico na área é difícil,
pois o sinal das operadoras de telefonia móvel é muito falho na região
por falta de antenas.
Segundo os membros da comunidade indígena,
Wilson Ambrósio havia saído pela manhã para a “Serra” (área disputada
pelos invasores e os indígenas) para olhar o gado da comunidade que
estava pastando naquele local e não voltou mais.
Para os índios, a família do suposto invasor
da área, conhecido como “Bil”, é a principal suspeita do crime. Já
fazia 11 meses que a área cedida pelo Incra às famílias Atikum havia
sido supostamente invadida pelo grupo de “Bil”, que de uma hora pra
outra, segundo os índios, chegou na região dizendo que o próprio Incra
em Marabá o havia assentado na área.
O jornal tentou contato com esses órgãos. A
resposta foi de que somente após o retorno das equipes do local é que as
informações poderiam ser repassadas. O MPF enviou um antropólogo até a
área para fazer um estudo mais detalhado sobre a ocupação e emitir
relatório recomendando um possível reordenamento da área.
De acordo com o Cimi, a terra foi cedida
pelo Incra há 10 anos, para 10 famílias dos Atikum. Mas há mais de um
ano, várias famílias e colonos foram chegando à área, dizendo que foram
autorizadas pelo instituto. O Cimi denuncia, ainda, a extração ilegal de
madeira na reserva.
DENÚNCIA EM ABRIL
Em nota, o Cimi relata que ainda em 19 de
abril deste ano, dois representantes do Povo Atikum denunciaram a
invasão e o crime ambiental na área , dentro de um Projeto de
Assentamento para Reforma Agrária. Os índios chegaram a protocolar um
documento aos representantes da Procuradoria Geral da República,
denunciando toda a situação vivenciada pela comunidade e pedindo ajuda
urgente, pois o clima entre indígenas e colonos já era tenso.
Em Marabá, as lideranças Atikum chegaram a
encaminhar novamente o mesmo ofício, via email, para a Funai e um
representante do Incra, em Brasilia (DF), como também participaram de
uma audiência com o MPF. O CIMI encerra a nota, dizendo esperar que a
justiça seja feita, que este assassinato de mais uma liderança indígena
no Brasil não fique impune, que os responsáveis sejam presos e
processados e que “os invasores da área da comunidade Atikum da Aldeia
Ororubá sejam retirados imediatamente do território do povo.”
Por Edil Aranha e Francisco Portela
Fonte: (Diário do Pará)
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