Projeto canavieiro abandonado em Medicilândia. |
Um projeto que já foi símbolo da colonização da Transamazônica na década
de 70 está, há mais de 10 anos, completamente abandono e entregue ao
relento no meio da Selva Amazônica. Paralelo a abertura da BR 230, o
Governo Militar, implantava a única usina de álcool e açúcar da região
norte-nordeste, chamado de Projeto Agroindustrial Canavieiro Abraham
Lincoln, mais conhecido como Usina Pacal. A usina foi construída em
Medicilândia, sudoeste do Pará, depois que o Incra descobriu que a média
de produtividade canavieira de Medicilândia era três vezes maior que a
de Pernambuco, o maior produtor de cana da América do Sul.
Os dois projetos tinham como objetivo
incentivar a vinda de pessoas de todas as regiões do país. Na época o
governo doava casa, terra, dinheiro e emprego. Em contra partida
obrigava os colonos a desmatar 50% (cinquenta por cento) da área, para
de fato ter direito aquele pedaço de chão. E quem morava próximo a usina
era obrigado a plantar cana-de-açúcar, para garantir o funcionamento do
projeto.
Inicialmente deu certo. A usina funcionou
por quase três décadas e chegou a empregar 550 colonos e produzir
anualmente 90 mil toneladas de açúcar e 1,8 milhão de litros de álcool,
que eram vendidos principalmente para os estados do Pará e Amazonas,
garantindo por um longo tempo a subsistência da população local.
Porém com o passar do tempo, o projeto
fracassou devido a uma série de problemas e acabou virando um pesadelo
tanto para os agricultores quanto para o governo, que resolveu
privatiza-lo. A medida também não deu certo e acabou retornando
novamente para administração publica, que sem solução resolveu
desativá-la em 2001. Para os agricultores, restaram às últimas safras de
cana-de-açúcar que se perderam no campo e as dividas que a maioria
deles contraiu através de empréstimos feitos junto ao banco para
manterem suas lavouras de cana que abasteceria o projeto canavieiro.
Os funcionários que trabalhavam na usina
não tiveram outra opção a não ser retornar para seus Estados de origem
ou procurar outro meio de sobrevivência na região. O resultando disso
tudo, refletiu diretamente na economia local, que sofreu um grande abalo
já que a usina de cana-de-açúcar era a maior fonte de geração de
empregos e rendas da região Transamazônica.
No entanto, a alta fertilidade do solo da região aliada aos bravos agricultores e produtores refez a historia do município.
Ao longo dos anos seguintes, Medicilândia
refez sua economia com a produção cacaueira e a agropecuária.
Configurando o município como maior produtor de cacau do Brasil. A nova
cultura cresceu tanto que ganhou até as redondezas das instalações do
prédio da usina, que hoje serve apenas de um belo exemplo da
consequência de uma política de Reforma Agrária inoperante.
O desperdício impressiona, pois são
máquinas pesadas, equipamentos e materiais apodrecendo sob a chuva e o
calor implacável da Amazônia. A esperança deste povo que foi atraído e
depois traído pelo próprio governo federal é que os Ministérios da
Agricultura e da Reforma Agrária encontrem uma solução definitiva para
esse projeto, que hoje podemos dizer que pelo menos serviu para
reconquistar o território nacional como pretendia o governo Emílio
Garrastazu Médici.
Postado por Francisco Portela e Edil Aranha
Com Informações de WD Notícias
0 comentários:
Postar um comentário