A presidente Dilma Rousseff reuniu-se há duas semanas em Brasília com a cúpula do PMDB – com o vice-presidente Michel Temer à frente – e praticamente sacramentou a manutenção da aliança PT-PMDB, vitoriosa em 2010, para a eleição presidencial de 2014. Na reunião, Dilma Rousseff deixou claro, porém, que a aliança com o PMDB que manteria o vice na chapa presidencial – teria que ser verticalizada nos estados, onde seriam proibidas alianças do PMDB com outros partidos que eventualmente lancem candidatos a presidente, principalmente com o PSDB.
A imposição da presidente Dilma deixou em maus lençóis o PMDB do Pará, presidido pelo senador Jader Barbalho, que no Estado é aliado do governador Simão Jatene (PSDB), virtual candidato à reeleição e que vai apoiar o candidato do PSDB – possivelmente o senador mineiro Aécio Neves – à Presidência da República.
O PMDB mantém cinco secretarias no governo Jatene –Transportes, Desenvolvimento Regional e Agricultura, entre outras – mas em 2014 terá que estar no palanque de Dilma Rousseff no Pará, o que antecipa um racha político na base de sustentação do governador na Assembleia Legislativa do Estado.
Preparando o desembarque do governo Jatene num momento eleitoral particularmente difícil, após as derrotas dos candidatos do PMDB em Belém, Ananindeua e Santarém – os três maiores colégios eleitorais do Estado – Jader Barbalho ainda tem que aquecer a ambição de seu herdeiro político, o ainda prefeito de Ananindeua, Helder Barbalho, que quer porque quer ser candidato ao governo do Estado em 2014. Jader Barbalho ainda tentou uma manobra eleitoral desesperada no apagar das luzes do segundo turno eleitoral em Belém, apoiando a candidatura de Edmilson Rodrigues (PSOL) contra Zenaldo Coutinho (PSDB), publicando pesquisa forjada pelo instituto Ipesp, apontando a vitória de Edmilson por 51 a 49, quando as urnas revelaram uma acachapante vitória de Zenaldo por 56 a 44.
Diante do quadro adverso, Jader Barbalho decidiu, então, lançar uma candidatura própria, do PMDB, aliando-se ao maior opositor do governo Simão Jatene, o PT, para viabilizar uma trincheira que garanta ao partido não apenas o controle do Legislativo estadual, mas também uma fonte de recursos para bancar as campanhas eleitorais do PMDB em 2014.
ESQUEMA
A administração de Domingos Juvenil à frente da Assembleia Legislativa, recheada de irregularidades, ainda vem sendo devassada pelo Ministério Público, que já conseguiu que a Justiça bloqueasse os bens de Juvenil e de outros envolvidos em fraudes com o dinheiro público. No desespero, Jader Barbalho tenta repetir nos dois últimos anos do governo Simão Jatene a estratégia que adotou nos dois últimos anos do governo Ana Júlia Carepa (2007-2010): o controle da Assembleia Legislativa.
Para tentar vencer, Jader conta com os 15 votos das bancadas do PT e PMDB e espera conseguir votos dissidentes no PPS (João Salame), PDT (Pio X), o do deputado Edmilson Rodrigues (PSOL) – de quem Jader se julga credor pelo apoio dado na eleição em Belém – e até no PV.
Após a renúncia do deputado José Megale (PSDB) à sua candidatura a presidente da Alepa, o governador Simão Jatene decidiu apoiar a candidatura do deputado Marcio Miranda (DEM), que parte para a disputa contra Martinho Carmona com o apoio das bancadas do PSDB, PSD, PTB, PR, PP, PSB, PV, PSV e PPS, que lhe garantiriam os 21 votos necessários para assegurar a presidência da Assembleia, num colégio eleitoral formado por 41 deputados estaduais.
Por Edil Aranha
Fonte: O Liberal
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