A FAO (Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a
Agricultura) afirmou nesta quarta-feira (11), em estudo publicado em
Roma (Itália), que o desperdício com alimentos no mundo pode causar
cerca de US$ 750 bilhões anuais de prejuízo.
Pelo relatório, 54% do desperdício de comida no mundo ocorre na fase
inicial da produção –na manipulação, após a colheita e na armazenagem.
Os restantes 46% de perdas ocorrem nas etapas de processamento,
distribuição e consumo. Os produtos que se perdem ao longo do processo
variam em cada região.
O diretor-geral da FAO, o brasileiro José Graziano da Silva, afirmou
que, além do impacto econômico, o desperdício de alimentos afeta
diretamente populações em todo o mundo.
"Não podemos permitir que um terço de todos os alimentos que produzimos
seja perdido ou desperdiçado devido a práticas inadequadas, enquanto
870 milhões de pessoas passam fome todos os dias", disse.
Medidas preventivas devem ser adotadas
Graziano afirma ainda que medidas preventivas devem ser adotadas por
todos – agricultores, pescadores, processadores de alimentos,
supermercados, os governos locais e nacionais, assim como os
consumidores.
"Temos que fazer mudanças em todos os elos da cadeia alimentar humana
para impedir que ocorra o desperdício de alimentos. Em seguida, temos de
promover reutilização e reciclagem", disse.
Graziano afirmou que há situações que provocam o desperdício de
alimentos devido a "práticas inadequadas" na produção. Ele declarou que a
FAO criou um manual que mostra medidas adotadas por governos nacionais e
locais, agricultores, empresas e consumidores para resolver o problema.
O diretor-executivo do Pnuma (Programa das Nações Unidas para o Meio
Ambiente), Achim Steiner, disse que o ideal é buscar o caminho da
sustentabilidade, ao qual devem aderir todos os que participam da cadeia
alimentar –do produtor ao consumidor.
Problemas em todo o mundo
Na Ásia, o problema são as perdas envolvendo os cereais, em particular,
o arroz. O prejuízo com carne é menor, segundo os dados. Porém, os
resíduos de frutas contribuem significativamente para o desperdício de
água no continente asiático, assim como na Europa e na América Latina.
Nos países em desenvolvimento, os maiores prejuízos ocorrem na fase
após a colheita. A FAO recomenda que seja feito um esforço coletivo para
orientar as colheitas e equilibrar a produção com a demanda. Também faz
sugestões sobre a reutilização e recuperação de alimentos. Uma síntese
do estudo, publicado hoje, está na página da organização, em inglês.
Na África central, as plantações de mandioca são responsáveis por
desmatamento na região, apesar de, por ser raiz, não afetar a
biodiversidade e ser plantada em monoculturas.
Recentemente, a FAO publicou um estudo em que a mandioca é considerada o alimento do futuro. Segundo a organização, é um tubérculo com "grande potencial" e
pode se transformar no principal cultivo do século 21 se for realizado
um modelo de agricultura sustentável que satisfaça o aumento da demanda.
Por Francisco Portela e Edila Aranha
Fonte: UOL Notícias
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