A Polícia Federal prendeu na noite de sábado (21) o delegado
da Ordem dos Músicos do Brasil em Marabá, Marlon Yousseff Amoury de Oliveira,
que foi autuado em flagrante no artigo 316 do Código Penal: “Exigir, para si ou
para outrem, direta ou indiretamente, ainda que fora da função ou antes de
assumi-la, mas em razão dela, vantagem indevida”. A pena para o crime é de
reclusão de dois a oito anos e multa.
Segundo o chefe da Delegacia Regional da Polícia Federal,
Antônio Carlos Cunha Sá, o indiciado foi encaminhado ao Centro Regional de
Recuperação Marabá (CRRM), de onde saiu no domingo (22), após pagar a fiança de
10 salários mínimos arbitrada pela Justiça Federal em Belém.
Marlon, ou Loco Abreu, como se autodenomina o delegado, foi
preso após pegar R$ 1 mil das mãos do promotor de eventos Lindemberg Oliveira,
que realizava um show naquele dia nas imediações do ginásio poliesportivo da
Folha 16, Núcleo Nova Marabá. "Há bastante tempo a Polícia Federal tem
sido procurada por pessoas, principalmente músicos, denunciando cobranças
indevidas e achaques realizados pelo indivíduo”, informou o delegado.
Neste sábado, conforme ele, os agentes receberam a
informação de que um produtor musical estaria sendo achacado por Marlon. “Ele
se diz Delegado Federal da Ordem dos Músicos do Brasil, mas o produtor achava
que na verdade ele queria propina porque desenvolveu uma conversa estranha”,
disse. Segundo o delegado, inicialmente Marlon informou que a banda possuía
sete músicos e que deveriam ser pagos à Ordem R$ 640 por músico, mas cobrou
apenas R$ 2.700
“A vítima me disse que havia em torno de sete músicos e,
inicialmente já é um valor equivocado o que ele pediu porque o valor que
deveria cobrar seria maior. Além disso, após alguma negociação, como me foi
relatado, o suspeito deixou por R$ 1 mil e permaneceu ameaçando, dizendo que em
uma próxima vez 'embargaria' o evento”.
Marlon marcou de encontrar o promotor próximo ao ginásio,
para onde também foi uma equipe da PF descaracterizada. “Os agentes federais
foram acionados e à paisana foram ao local, conseguindo flagrar o pedido de
propina ou não sei nem do que se pode chamar isso”, comentou o chefe da
Delegacia. Assim que o trâmite foi finalizado, a vítima imediatamente apontou
onde estaria o envelope com o dinheiro, que foi encontrado em posse de Marlon.
O acusado deverá agora responder ao processo em liberdade.
“A gente quer consignar que a PF entende que a atividade dos músicos está
inserida no contexto da liberdade de expressão e de livre manifestação do
pensamento, que é um direito sagrado e protegido, inclusive, em âmbito
constitucional, não havendo qualquer possibilidade de cerceamento ou
limitação”, finalizou o delegado.
Lindemberg Oliveira informou à Reportagem que Marlon
telefonou para o produtor da banda dizendo que tinha que fazer o acerto das
notas contratuais e pedindo R$ 2.700 , mas negociou o valor em R$ 1 mil. “O
produtor só pediu pra eu entregar o dinheiro pra ele, foi quando a polícia o
prendeu. Ele diz que esse procedimento dele é legal, mas eu acho que não”,
afirmou Lindemberg, confirmando que não lhe foi entregue qualquer comprovante
do pagamento. A Reportagem também procurou o preso, que afirmou que há guia de
recolhimento do imposto, que é paga diretamente para a OMB. “Depois a gente
deposita em banco”, afirmou.
Desde que começou a atuar em Marabá, Marlon já teve
problemas com músicos e proprietários de bares. Em agosto deste ano chegou a
registrar em boletim de ocorrência uma ameaça de morte que teria sido feita por
dois músicos durante a cobrança de nota contratual junto ao proprietário do
estabelecimento onde os dois tocavam. Até mesmo com o Prefeito da cidade, João
Salame, ele se desentendeu em uma rede social.
Segundo o blog de notícias Zeca News, em sua página do
Facebook, durante a comemoração do centenário de Marabá, Marlon acusou a
Secretaria de Cultura de estar desviando dinheiro público com os shows
realizados na cidade e citou o secretário de Cultura, Cláudio Feitosa, como
“inimigo número 1 dos músicos” porque estaria trazendo artistas de fora para se
apresentarem no município.
Marlon reclamou também, ainda conforme a publicação, de que
a Prefeitura e a Secretaria estariam colocando todos contra a OMB, mas o
prefeito municipal, que viu a postagem, não gostou do que leu e postou logo
abaixo uma frase na qual pedia respeito, reclamando que a denúncia fosse feita
formalmente caso houvesse provas e afirmando que as acusações eram levianas. O
prefeito afirmou, ainda, que questionaria junto à Justiça a representação do
delegado e as taxas cobradas dos músicos locais.
Por Francisco Portela e Edil Aranha
Fonte: Jornal Folha do Pará
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