(Foto: Divulgação)
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Mais de 50% dos alunos de escolas
públicas do Pará não têm a idade adequada à série que estudam. O ensino
médio paraense tem o maior número de estudantes com atraso de mais de
dois anos nas séries escolares, com 57,3% das matrículas. Esse
percentual inclui escolas públicas urbanas e rurais.
Os dados são do Censo Escolar, do
Instituto Nacional de Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), e
foram compilados pelo QEdu, um projeto em parceria entre a Startup
Meritt e a Fundação Lemann. Considerando apenas as escolas rurais, são
60,3% dos alunos com idade além da média escolar.
Ao invés de aumentar o número de
escolas públicas estaduais no Pará, nos últimos quatro anos esse total
foi reduzido de 971 (2010) para 917, em 2013. De acordo com o Instituto
Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a população do Pará
cresceu acima da média brasileira nos últimos quatro anos. Em 2010, data
do último Censo, eram 7.581.051 paraenses.
O instituto divulgou a população
estimada em 2013, que seria de 7.969.654 habitantes, ou 388 mil novos
paraenses. Do total de escolas estaduais, 695 são urbanas e 222, rurais.
Além da redução do número de
escolas, os estudantes enfrentam também as péssimas condições de acesso a
direitos básicos, como banheiros. Pelo menos 18 escolas urbanas
distribuídas entre os municípios paraenses não têm banheiro. As rurais
que não contam com esse serviço são 53. Em 82 escolas urbanas, o
banheiro fica do lado de fora do prédio. As rurais somam 64, ou quase
29% do total. Nestas escolas rurais, o mesmo percentual (28,38%) não tem
biblioteca.
As escolas de áreas rurais das
regiões Norte e Nordeste são as que concentram as maiores taxas de
distorção idade-série no ensino médio público. Somadas escolas urbanas e
rurais, depois do Pará, Sergipe (50,7%) e Piauí (49,2%) têm as maiores
taxas e São Paulo (17,1%), Santa Catarina (18,4%) e Paraná (24,3%) são
onde estão as menores porcentagens.
ESCOLAS
ESCOLAS
Amazonas é o Estado brasileiro com
maior porcentagem de alunos em atraso escolar na área rural (69,8%),
seguido do Pará (60,3%) e Piauí (57,7%), sendo essa taxa de distorção
idade-série correspondente a estudantes com mais de dois anos de atraso
escolar. Novamente, as escolas de áreas rurais das regiões Norte e
Nordeste são as onde se concentram as maiores taxas de distorção
idade-série no ensino médio.
Considerando o número de
estudantes brasileiros, os dados mostram que no total, na área urbana e
rural, 32,7% dos alunos de escola pública do ensino médio não têm a
idade adequada à série em que estão. Parte desse atraso vem do ensino
fundamental, onde 23,7% estão nessa situação. A porcentagem desses
estudantes “atrasados”, entretanto, diminuiu entre 2006 e 2013, passando
de 46% para 29,5%. Nas escolas públicas, esse índice passou de 50% em
2006 para 32,7% no ano passado, e nas particulares, de 11% para 7,6%.
Segundo a Fundação Lemann,
organização sem fins lucrativos voltada para a educação, o atraso no
ensino médio é reflexo de problemas no fluxo escolar como um todo, já
que o aluno passa por um percurso de pelo menos nove anos, antes, no
ensino fundamental. “Temos altas taxas de reprovação, mas não temos
política para lidar com os alunos que fazem a série novamente. A
reprovação pode estigmatizá-los e aumentar a chance do aluno não
terminar a educação básica”, analisa o coordenador de Projetos da
Lemann, Ernesto Faria.
Em todo o Brasil, existem 5.570
municípios. Desses, em 738 mais de 50% dos alunos de escola pública do
ensino médio não têm a idade adequada à série em que estudam, sendo a
maior parte desses municípios (468) na região Nordeste. Mais de 260
estão na região Norte. Na outra ponta, 217 municípios têm menos de 10%
de estudantes nessas condições, sendo a maior parte (190) concentrada no
Sudeste. Pela Constituição, os estados e o Distrito Federal são
responsáveis, prioritariamente, pelo ensino médio.
A Secretaria de Estado de Educação (Seduc) foi procurada, mas não se manifestou até o fechamento desta edição.
Por Francisco Portela e Edil Aranha
Fonte: Diário do Pará
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